Call of Duty: Black Ops II
Por MASTERGAMES em 27/11/12 - 11:42
É muito fácil falar mal de Call of Duty. “É mais do mesmo”,  “caça-níquel” e “câncer da indústria” são alguns dos comentários  geralmente associados à série recordista de faturamento em todo o  mercado de entretenimento. Esse ano não foi diferente, Black Ops II  faturou mais de 500 milhões de dólares nas primeiras 24 horas, batendo o  recordista anterior Call of Duty: Modern Warfare 3. 
No entanto, é  preciso ter cuidado para não colocar Black Ops II no “pacote” de jogos  anuais que não justificam suas atualizações; esse é o melhor Call of  Duty de todos os tempos. 
Se você não gosta de jogos de tiro em  primeira pessoa, com certeza nenhum dos argumentos a seguir te  convencerão a jogar o novo Call of Duty, até porque essa não é a  proposta do jogo. A série continua fiel às suas origens e por isso o  jogo é sim parecido com os antecessores – o que é normal em  continuações. 
A campanha de Black Ops II tem uma das melhores  narrativas do gênero até hoje. A história não é apenas sobre os  protagonistas americanos ou sobre a guerra. A construção das personagens  é consistente, principalmente com o vilão Menendez. O enredo passeia  entre a década de 1980, durante o período da Guerra Fria, e o ano de  2025. O elo entre as duas histórias é Menendez e sua relação com Frank  Woods e seu parceiro Alex Mason, ambos protagonistas do primeiro Black  Ops. No ano de 2025, o filho de Alex, Daniel Mason, encontra Woods e  descobre a verdade sobre a morte de seu pai e como pode parar Menendez. 
É  verdade que o começo da campanha é um pouco confuso. A apresentação do  conflito não é tão claro até uma fase  na qual você assume o controle de  Menendez e descobre suas motivações. Daí em diante a campanha ganha  fôlego a cada novo estágio e prende o jogador até o desfecho. 
E a  tão criticada linearidade de Call of Duty pode ter sido um dos motivos  para a Treyarch adicionar um inédito sistema de decisões. Em diversos  momentos, o sucesso ou falha em alguns objetivos alteram os  acontecimentos seguintes – isso sem falar nas escolhas canônicas que  devem ser feitas em momentos críticos. Isso significa que o final e  desenrolar da sua história não será necessariamente o mesmo que o do seu  amigo. 
Além disso, missões secundárias chamadas Força de Ataque  também influenciam muito nessas mudanças na história. Força de Ataque  foi uma forma que a Treyarch encontrou de adicionar algo totalmente novo  à jogabilidade de Call of Duty, contando com elementos muito conhecidos  de jogos de estratégia em tempo real. 
Por meio de uma visão  aérea, você controla o posicionamento de esquadrões e drones – os robôs  terrestres e aéreos que são as estrelas das fases futuristas de Black  Ops II. Alternando entre controlar as tropas e selecionar seus destinos,  o Força de Ataque tinha tudo para ser a grande atração. Só que, talvez  por medo da não aceitação ou adaptação dos fãs, a Treyarch manteve as  fases desse modo como opcionais e limitou muito o controle das tropas.  Isso acabou tornando a experiência muito mais frustrante do que  prazerosa. Um tiro na direção certa, mas que dessa vez não acertou o  alvo como deveria. 
Tecnicamente, Black Ops II se aproxima da  perfeição. Não falamos somente dos lindos visuais, mas também das  diversas intervenções interativas que acontecem a todo o momento com os  cenários. Prédios caindo, paredes explodindo, carros invadindo as  construções e pontes derrubadas. Isso sem falar em cenas jogáveis que,  mesmo não adicionando muito desafio, criam momentos que ficam marcados  na memória e tornam a ação mais variada. São detalhes que diferenciam  uma grande produção de um jogo genérico, algo que esse Call of Duty está  longe de ser. 
Com certeza podemos afirmar que Black Ops II é um  jogo diferenciado e que merece sua atenção. Acontece que só falamos de  um terço do conteúdo do game. As modalidades Multijogador e Zumbis são  como jogos separados que fazem parte do pacote incluso no disco. 
O  multijogador de Call of Duty é um dos mais importantes e premiados  dessa geração. Sim, Black Ops II está muito parecido com os anteriores  nesse quesito, mas como ele conseguiria se diferenciar sem deixar de ser  fiel ao gênero? A nossa resposta é: com pequenas, porém importantes  mudanças. E foi isso que a Treyarch fez. Ela aprimorou a criação de  classes com o sistema de Pick 10, melhorou o sistema de Kill Streak e  balanceou novos modos e evolução de Prestígio. Essas são mudanças que  podem passar batidas por pessoas que não jogam Call of Duty por muito  tempo – e geralmente são as mesmas que criticam a série por ser mais do  mesmo. Existe até mesmo uma opção para acessar partidas e transmiti-las  ao vivo no YouTube adicionando comentários e usando estatísticas em  tempo real. Call of Duty aprendeu com os jogos mais competitivos do  momento, como StarCraft II e adicionou essa funcionalidade que com  certeza é uma importante ferramenta para toda a comunidade competitiva. 
O  modo Zumbis é a opção ideal para se jogar cooperativamente com amigos. O  que nos chamou atenção é que essa modalidade vai muito além de apenas  oferecer hordas e mais hordas de zumbis para derrotar. Existem mistérios  a serem resolvidos, quebra-cabeças e também uma história que pega  emprestado o humor dos filmes B de terror.
Vale frisar que Call of  Duty: Black Ops II é o primeiro jogo da série totalmente em português. O  trabalho de dublagem, ao contrário de Halo 4, ficou muito bom. Os  atores fizeram um excelente trabalho de atuação com textos bem  adaptados. Mas nem tudo é maravilha: a mixagem de som não ficou  perfeita, alterando o volume das falas das personagens de tempos em  tempos. Outra coisa que ficou devendo é a sincronia labial, algo que  atrapalha muito em algumas cenas. Além disso, a versão comprada no  Brasil não possui a opção das vozes originais. Mesmo a dublagem sendo  boa, seria interessante poder conferir o trabalho original com legendas  em português 
Black Ops II é o melhor Call of Duty de todos os  tempos. Com uma narrativa fantástica na campanha e dois modos e  ferramentas que vão manter o jogo vivo por muitos meses, não há como  atacar a semelhança dele com seus antecessores. Independente dos milhões  investidos em marketing e recuperados em vendas, Black Ops II é um bom  jogo de videogame que tem tudo que um FPS precisa ter. Não é perfeito,  mas com certeza está longe de ser um repeteco caça-níquel.
 
